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Governos da extrema direita burguesa são responsáveis por metade das mortes do mundo

Atualizado: 6 de jul. de 2020


Por Humberto Rodrigues


Quando escrevíamos essas linhas, a doença causada pelo vírus Corona já havia matado mais de meio milhão de pessoas em todo mundo. 10,5 milhões de pessoas haviam contraído o Covid-19, segundo as estatísticas oficiais fornecidos pelos governos.

Oficialmente, mortos pelo Covid-19, os EUA possuem 130 mil; o Brasil, 60 mil; a Grã-Bretanha possui 44.000. Oficialmente, esses três países foram onde ocorreram a maior quantidade de vítimas fatais por coronavírus. Juntos, são responsáveis por quase metade dos mortos do planeta. Essas três nações não são as mais populosas do planeta. Mas os três governos estão entre os principais negacionistas da gravidade da crise sanitária.

Se a pandemia sessasse de súbito agora, o que nem de longe ocorrerá, uma tragédia inédita já estaria estabelecida na história mundial. Mas em três nações a tragédia é quantitativa e qualitativamente maior.


Na Grã-Bretanha, com pouco mais de 60 milhões de habitantes, menos de 1% da população mundial, tem quase 10% dos mortos.


O Brasil possui 210 milhões de habitantes, correspondente a 3% da população mundial, tem mais de 10% dos mortos do planeta. Mas essa é apenas uma ponta visível do iceberg.


Dados fornecidos por rigorosas universidades públicas no Brasil afirmam que os números reais de infectados e mortos nesse país seriam sete vezes maiores do que as estatísticas oficiais apresentadas pelo suspeitíssimo governo Bolsonaro. Em alguns Estados do Brasil, como o Ceará, por exemplo, o número de registro de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave cresceram 46 vezes em relação a 2019. Essa margem de diferença contábil existe devido a falta de testes, a subnotificação de mortos e infectados e a tentativa dos governos de minimização do problema. Ao final, como toda tragédia possui seus responsáveis políticos, governos irresponsáveis, conscientemente realizam poucos testes e por fim tratam de realizar o ocultamento de cadáveres, como vem fazendo deliberadamente o governo Bolsonaro desde o início de junho.


Mais dramático é o caso da nação mais rica do mundo. Um atestado de falência múltipla e da decadência irrecuperável do imperialismo estadunidense foi dado durante a pandemia. Os EUA têm menos de 5% (328 milhões) da população mundial e mais de 20% dos mortos por Covid até agora. A pior tragédia dos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, após terem se tornado a maior potência imperialista do planeta, foi a Guerra do Vietnã, perdida humilhantemente para um dos países mais miseráveis da Ásia. A quantidade de mortos dos EUA perdida na guerra contra a pandemia já é maior que o dobro dos mortos estadunidenses na Guerra do Vietnã (58 mil). Trump sabe que isso lhe custará a reeleição. Talvez engendre uma nova guerra, interna ou externa para salvar sua carreira política.


Chile e Índia


Outros dois países governados pela direita cujas políticas fizeram disparar a pandemia. Chile e Índia, que junto com os outros três países seriam responsáveis por metade das mortes oficialmente computadas no planeta.


O Chile tem uma das taxas mais altas de infecção per capita do mundo. O Chile seguiu o modelo de países ricos, mas percebeu, tardiamente, que a maioria de seus cidadãos é pobre. “Há áreas de Santiago onde eu não tinha consciência da magnitude da pobreza e da aglomeração”, disse Jaime Mañalich, ministro da Saúde que foi obrigado a renunciar.


Na Índia, o fascistóide governo de Narendra Modi, aproveitou-se da pandemia para estabelecer um rígido estado de sítio e criar um suspeito fundo de arrecadação de rúpias, o PM Cares, do qual nunca prestou contas, nem do que distribuiu e menos ainda do que arrecadou.


“No dia em que a PM Cares foi criado, uma enorme crise humanitária começou a ocorrer na Índia - milhões de trabalhadores migrantes, algumas das pessoas mais pobres da Índia, começaram a fugir das cidades depois que Modi impôs um bloqueio súbito em todo o país. Durante semanas, eles caminharam centenas de quilômetros, famintos e com sede, para chegar às suas aldeias. Mais de cem morreram. Pensava-se que o governo gastaria pelo menos parte do dinheiro ajudando os forçados a viajar, mas isso não aconteceu” (https://www.bbc.com/news/world-asia-india-53151308)


No meio do processo, o governo Modi ainda recriou uma disputa fronteiriça contra a China, aparentemente de caráter distracionista para a tragédia e o escândalo estabelecidos. Como as medidas tomadas por Modi não atenuaram mas acentuaram o sofrimento popular, precarizando ainda mais as condições de vida e aumentando o próprio contágio da pandemia, sob pressão, Modi, tão subitamente como impôs o lockdown, anunciou o fim do confinamento obrigatório no início de junho. Resultando, a superpopulosa Índia virou o novo epicentro do coronavírus na Ásia, o contágio confirmado, apesar da escandalosa subnotificação e quase nenhuma testagem, vêm dobrando a cada dezoito dias, mais do que nos EUA, Brasil e Rússia, os campeões da contaminação. “Se a velocidade do surto persistir, o país deve passar as estatísticas americanas em seis semanas”, prevê Ashish Jha, professor de saúde global da Universidade Harvard. Em resposta, quase como copiando os três mosquiteiros da extrema direita atlântica, Modi declarou: “A transmissão está sob controle, recomendando a prática de ioga como estratégia para aumentar a imunidade”. Leia mais em: https://veja.abril.com.br/mundo/india-o-novo-epicentro-do-coronavirus/


Criminosos Negacionistas, Agentes do Capital


Todo os sistemas de saúde dos países capitalistas foram postos em risco ou reprovados pela pandemia. Inclusive, a princípio, também o sistema de saúde do Estado chinês. Na contracorrente, o Estado operário cubano, não apenas resistiu, mas também enviou socorro médico a 70 países durante a pandemia. Por sua vez, não é por acaso que EUA, Brasil e Grã-Bretanha são onde se registram os números qualitativamente mais catastróficos. Os governantes dos três países são defensores intransigentes do mercado capitalista contra a intervenção social do Estado. Por isso, são negacionistas da gravidade da pandemia e da necessidade do isolamento social, única medida capaz de mitigar a falta de capacidade dos sistemas de saúde para defender a maioria da população contra o vírus. Os três governantes fizeram várias declarações de escárnio com a gravidade do problema registraram essa política genocida. No dia 5 de março, perguntado sobre como lidaria com o vírus, Boris Johnson disse:


“possa golpeá-lo no queixo, levar tudo de uma só vez e permitir a doença, pois movimentar a população sem tomar tantas medidas draconianas ”.(https://fullfact.org/health/boris-johnson-coronavirus-this-morning/)

Dias depois, o próprio primeiro ministro estava severamente contaminado, em um leito de UTI do Hospital St Thomas's de Londres.


No dia 23 de abril, Trump recomendou injeções de detergente nas pessoas para limpar o corpo de coronavírus. No dia 20 de junho, em seu primeiro comício de campanha pela reeleição disse:


"Testar é uma faca de dois gumes. Testamos até agora 25 milhões de pessoas. Provavelmente são 20 milhões a mais do que qualquer outro país. Aqui está a parte ruim: quando você faz tantos testes, encontra mais pessoas, encontra mais casos. Então, eu disse ao meu pessoal: diminuam os testes, por favor", completou.


Bolsonaro fez tantas declarações escandalosas que fica difícil escolher uma.


“Muito do que falam é fantasia, isso não é crise” (10/3); “O que está errado é a histeria, como se fosse o fim do mundo. Uma nação como o Brasil só estará livre quando certo número de pessoas for infectado e criar anticorpos” (17/3); “ não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?” (20/3); “O povo foi enganado esse tempo todo sobre o vírus” (26/3); “ Alguns vão morrer? Vão, ué, lamento. É a vida.”. 27/3; [quando o Brasil já tinha 5 mil mortos respondeu:] “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?” 28/4. Desde que o país chegou a registrar 35 mil mortos por Covid, o governo Bolsonaro passou a ocultar dados sobre a pandemia.


Em algum momento ou durante toda a pandemia, os governos da Grã Bretanha, EUA e Brasil demonstraram desprezo, negligência e aproveitamento político e econômico da doença contra as populações dos seu respectivos países. Então, a primeira conclusão é que se esses países são responsáveis por quase metade dos mortos da pandemia, se a população desses países capitalistas sofreram mais que a população dos outros países, isto se deve aos governos de extrema direita, radicais defensores do capital contra qualquer proteção da vida da grande maioria trabalhadora.


Por outro lado, também se conclui que esses governos não são loucos que agem por sua própria arbitrariedade, embora possam parecer. Tais declarações irracionalistas e anticientíficas só demonstram também que em sua fase de decadência barbara o capitalismo renuncia ao racionalismo e a ciência para fazer política. Trump, Johnson e Bolsonaro só realizaram esse massacre sanitário e mantiveram-se impunemente governando porque realizaram uma obra benéfica aos interesses das respectivas burguesias, mandantes desse crime. No caso de Bolsonaro, ele serve aos interesses das classes dominantes brasileiras, mas sobretudo a grande burguesia imperialista anglo-saxônica e sionista.


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